Em relação aos modelos de linguagem, a escola de pensamento predominante segue a filosofia de Bloom e Lahey, que propõe três componentes principais da linguagem: forma, conteúdo e uso (Figura 4.4). Segundo Bloom e Lahey, a linguagem pode ser definida como “um conhecimento de um código para representar ideias sobre o mundo através de um sistema convencional de sinais arbitrários para a comunicação (10)”

Estes três componentes podem ser subdivididos em fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, como descrito nas secções seguintes.

Forma

Forma com referência à linguagem refere-se à estrutura baseada em regras que os humanos empregam para formular linguagem, desde fonemas a frases, e compreende fonologia, morfologia, e sintaxe.

Fonologia refere-se ao sistema governado por regras pelo qual sons, ou fonemas, são combinados para criar unidades significativas, ou palavras. A língua inglesa contém 44 fonemas reconhecidos, que são classificados como

FIGURA 4.4 Os três componentes da língua.

consonantes ou vogais. Esta distinção envolve a presença ou ausência de interrupção da corrente de ar. As vogais são formadas através da modulação (sem interrupção) da corrente de ar via variação na posição dos lábios e da língua (Figura 4.5) (11).

Variações na posição da língua para a produção de diferentes vogais são sistematicamente caracterizadas como altas, médias ou baixas, bem como dianteiras, centrais ou traseiras, e podem ainda ser descritas como tensas ou laxas (Figura 4.6) (12). Para

FIGURA 4.5 Áreas das vogais.

FIGURA 4.6 Posições da língua para a produção de vogais.

exemplo, a vogal /i/, pronunciada “ee”, é considerada uma vogal alta, frontal, tensa, pois a frente da língua é alta e a língua é tensa. Os ditongos são combinações de vogais, e requerem movimento da língua de uma posição para outra durante a produção.

Os consoantes são formados através de uma combinação de vários graus de interrupção da corrente de ar e variações na postura da língua e dos lábios (ver Figura 4.3). A aquisição fonêmica em crianças segue uma seqüência sistemática, e acredita-se que as crianças adquirem fonemas não isoladamente, mas sim no contexto de sua relação com outros sons em uma palavra (Tabela 4.5) (13).

TÁBULO 4.5 AQUISIÇÃO FONÊMICA: IDADE EM QUE 75% DAS CRIANÇAS TESTAMOS CORRETAMENTE ARTIGULADAS SONANTES

TÁBULO 4.6 AQUISIÇÃO DE FONEMAS CONSONANTES

Fonte: Adaptado de Refs. (14) e (15).

Tabela 4.6 fornece uma representação gráfica das faixas etárias típicas durante as quais a maioria das crianças adquire sons consonantes (14,15). Isto é útil para determinar em que idade uma criança é considerada fora da norma para aquisição de um som específico e quando a intervenção pode ser indicada.

No que diz respeito ao quão bem se pode esperar compreender a fala de uma criança durante a aquisição fonêmica, Lynch et al. fornecem uma estimativa da inteligibilidade da fala em diferentes idades, resumida na Tabela 4.7 (16).

Desordens fonológicas são um subconjunto de desordens de produção sonora em que os fatores lingüísticos e cognitivos, ao invés de planejamento ou execução motora, são considerados centrais para as dificuldades observadas (variáveis etiológicas comuns incluem otite média com derrame, genética e envolvimento psicossocial) (17). Distúrbios fonológicos do desenvolvimento resultam quando as crianças não conseguem progredir na aquisição de fonemas específicos. A teoria atualmente aceita sobre fonologia em crianças propõe a existência de processos fonológicos que estão presentes nos sistemas fonológicos de todas as crianças à medida que desenvolvem a linguagem,

TÁBULO 4.7 INTELIGIBILIDADE DA FALAÇÃO NAS CRIANÇAS

Por 18 meses, a fala de uma criança é normalmente 25% inteligível.

Até 24 meses, a fala da criança é normalmente 50%-75% inteligível.

Até 36 meses, a fala da criança é normalmente 75%-100% inteligível.

e são sistematicamente eliminados em idades previsíveis, numa progressão de desenvolvimento padrão. A incapacidade de eliminar, ou resolver, estes processos, resulta num transtorno de processamento fonológico. Um exemplo de um processo fonológico de desenvolvimento é a “parada de fricativos”, na qual uma criança substitui sistematicamente um som de parada (um som que pára o fluxo de ar, como /p, t, k/) por um som fricativo (um som que produz fricção através da interrupção parcial do fluxo de ar, como ), produzindo palavras como “dum” para “polegar”, “tun” para “sol”, ou “dip” para “zip”. Estas substituições sonoras são sistemáticas e aplicadas pela criança no mesmo contexto, cada vez que o som ocorre. Os processos fonológicos de não-desenvolvimento-mental são indicativos de desordem versus atraso no desenvolvimento fonológico, e raramente são vistos em desenvolvimento normal. Um exemplo de um processo fonológico não-desenvolvido é a deleção consonante inicial, na qual uma criança apaga o som inicial em uma palavra, como “ee”/”chave” ou “ake”/”make”.”

Tabela 4.8 ilustra a típica sequência de desenvolvimento para a resolução de processos fonológicos (18).

TÁBULO 4.8 RESOLUÇÃO DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS: IDADE POR QUE OS PROCESSOS FONOLÓGICOS SÃO ELIMINADOS

Fonte: Adaptado de Ref. (18). Bowen C. Distúrbios Fonológicos do Desenvolvimento: Guia Prático para Famílias e Professores. Melbourne: ACER Press;1998.

Morfologia refere-se ao sistema baseado em regras pelo qual as palavras são construídas e alteradas, muitas vezes através da adição de prefixos e sufixos, para refletir conceitos como número, possessão e tempos verbais. Por exemplo, a adição do fonema “s” ao final de uma palavra torna-a plural. O “s” neste caso é considerado um marcador morfológico que significa a noção de “plural”

Os distúrbios que afetam a morfologia são mais tipicamente de desenvolvimento e resultam quando as crianças têm dificuldade em dominar a aquisição de regras para a aplicação de marcadores morfológicos. A dificuldade com o uso de marcadores morfológicos também pode ser vista após certos tipos de lesão cerebral focal, como danos na área de Broca, quando a linguagem expressiva torna-se telegráfica por natureza, perdendo as nuances proporcionadas pelos marcadores morfológicos.

Sintaxe refere-se ao sistema de regras pelo qual as palavras são combinadas para criar frases, cláusulas e sentenças. As várias partes do discurso em inglês (por exemplo, substantivos, pronomes, verbos, advérbios, adjetivos, etc.) servem diferentes funções dentro destas construções, tais como descrição, ação e atributo, e como tal têm regras específicas de combinação entre si. Por exemplo, a ordem básica das palavras em inglês é subject-verb-object.

As with morphology, disorders affecting syntax are typically developmental and are the result of difficulty of mastering the acquisition of rules for creating gramamatically correct sentences.

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