No comentário do Dr. Wohlgemut “O dilema ‘direto’. Anticoagulantes orais e os parâmetros da prescrição pública”, publicado na edição de novembro do Canadian Family Physician, seu ponto sobre ser fiscalmente responsável e reconhecer a responsabilidade dos médicos em ajudar os políticos a serem bons administradores do erário público é bem recebido1; no entanto, nós, como médicos e como sociedade, temos que ser muito cuidadosos para não sermos penny-wise e pound-foolish. O relatório da Agência Canadense para Drogas e Tecnologias em Saúde citado no artigo de Wohlgemut mostrou que o tratamento ambulatorial da fibrilação atrial com varfarina é mais barato do que o uso de anticoagulantes orais diretos (DOACs).2 Isto não é surpreendente, dado que os DOACs são muitas vezes mais caros. Entretanto, temos que reconhecer que cuidados primários eficazes, assim como intervenções que potencialmente melhoram os resultados em doenças crônicas, como a fibrilação atrial, acabam economizando dinheiro para o sistema de saúde a longo prazo, reduzindo o uso de cuidados agudos. O Canadian Institute for Health Information informou que, em 2019, 26,6% dos gastos com saúde iriam para os hospitais, o que também é o maior custo.3 Na verdade, o custo combinado de médicos e medicamentos é de 30,4% dos gastos com saúde, enquanto os hospitais respondem por 26,6% sozinhos. Vale ressaltar também que o custo dos serviços médicos aumenta para os pacientes hospitalizados em relação aos pacientes atendidos em regime ambulatorial. É um cenário complicado, mas outros têm mais recentemente tentado responder a esta pergunta em relação aos DOACs: Ortiz-Cartagena e colegas4 conduziram um estudo de pacientes internados em clínicas anticoagulantes que tiveram internações hospitalares relacionadas ao tratamento anticoagulante. Seus achados refletiram os da já mencionada revisão do Canadian Institute for Health Information,3 na medida em que, apenas para o tratamento ambulatorial, o custo da warfarina foi menor, mas quando o tratamento ambulatorial também foi considerado, a warfarina foi, na verdade, menos rentável, pois o tempo de internação dos pacientes com warfarina foi substancialmente maior.

Embora os resultados de um estudo não sejam, de forma alguma, prova conclusiva de custo-benefício superior no sistema canadense, vale a pena notar esses resultados. Em última análise, também levanta outro problema com estas discussões: nosso sistema de saúde tende a ser “siloedado” no Canadá. Falamos dos custos dos cuidados primários, ou custos dos cuidados agudos, mas nem sempre olhamos para esses sistemas juntos e para a forma como interagem uns com os outros. A fim de prestar os melhores cuidados aos nossos pacientes e ser os melhores administradores de recursos de saúde possíveis, não podemos mais continuar a fazer isso.

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