- Nova abordagem para atuar como modelo para o desenvolvimento de vacinas não tóxicas contra venenos de aranha Loxosceles, dizem pesquisadores da revista Vaccine.
- Por Sacha Boucherie Posted on 9 May 2013
- Antivenenos atuais são problemáticos
- Condições de melhoria – o novo método
- A aranha Loxosceles
- Leia o artigo
- A revista
- Reporting for Elsevier Connect
Nova abordagem para atuar como modelo para o desenvolvimento de vacinas não tóxicas contra venenos de aranha Loxosceles, dizem pesquisadores da revista Vaccine.
Por Sacha Boucherie Posted on 9 May 2013
Clarificação: o artigo original continha erroneamente uma referência a “vacinas existentes”. No entanto, não existem vacinas para picadas de animais venenosos. Como o autor correspondente Dr. Carlos Chávez-Olórtegu explica: “O que existe são anti-venenos terapêuticos chamados ‘soros’ que são feitos em cavalos. Normalmente estes soros têm a capacidade de neutralizar os efeitos tóxicos do veneno. O uso de soros de cavalo para o tratamento de acidentes com mordidas pode levar a outros problemas em pessoas que sofrem reações alérgicas”.
Pesquisadores desenvolveram uma proteína de aranha que poderia levar a vacinas anti-veneno com potencial para salvar milhares de vidas em todo o mundo, conclui um estudo publicado hoje na Vaccine.
“No Brasil vemos milhares de casos de pessoas sendo mordidas por aranhas, e as picadas podem ter efeitos colaterais muito sérios”, disse o Dr. Carlos Chávez-Olórtegui da Universidade Federal de Minas Gerais no Brasil, autor correspondente do estudo.
“Os anti-venenos existentes são feitos das toxinas puras e podem ser prejudiciais às pessoas que os tomam”, disse ele. “Queríamos desenvolver uma nova forma de proteger as pessoas dos efeitos das picadas de aranhas Ceifadoras, sem que elas tenham que sofrer efeitos colaterais”.
Aranhas Loxosceles, comumente conhecidas como ceifadoras ou aranhas reclusas, são encontradas em todo o mundo e produzem venenos nocivos. A mordida tóxica dessas aranhas causa a morte da pele ao redor da mordida e pode levar a efeitos mais sérios como insuficiência renal e hemorragia. Estas aranhas Loxosceles são mais prevalentes no Brasil, onde causam quase 7.000 casos de picadas de aranha por ano.
Antivenenos atuais são problemáticos
De acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde, uma revisão dos métodos atuais de produção de antiveneno indica que a maioria dos antivenenos ainda são produzidos pela tecnologia tradicional usando animais. O método de produção envolve a injeção do veneno em animais e a remoção dos anticorpos resultantes para uso no soro antiveneno para humanos. Estes anticorpos permitem que o sistema imunológico humano se prepare para neutralizar o veneno das picadas. Embora este método seja um pouco eficaz, é problemático, pois os animais necessários para produzir os anticorpos sofrem os efeitos do veneno.
Condições de melhoria – o novo método
Na tentativa de melhorar estas condições, o Dr. Chávez-Olortegui e sua equipe de pesquisadores identificaram uma proteína que pode ser engendrada no laboratório, omitindo a necessidade de usar veneno de aranha real. Ela é composta por três proteínas em vez de toda a toxina venenosa, portanto não é prejudicial ao animal imunizado que produz os anticorpos para uso no soro humano. Também é mais eficaz que as abordagens existentes e mais fácil de produzir do que preparar veneno cru de aranhas.
Os pesquisadores testaram a proteína projetada em laboratório em coelhos e mostraram uma resposta imunológica semelhante à forma como eles respondem à toxina total, anteriormente experimentada no método antigo. A proteína foi eficaz para o veneno de duas subespécies de aranhas Loxosceles, que possuem toxinas similares. Os coelhos foram protegidos de danos na pele no local da injeção do veneno e de hemorragias.
Os autores concluíram que esta proteína projetada pode ser um promissor candidato à vacinação contra picadas de aranha Loxosceles no futuro.
A aranha Loxosceles
Loxosceles é o gênero de aranhas que inclui a infame aranha marrom reclusa:Loxosceles reclusa. A maioria das aranhas Loxosceles são castanhas ou amareladas e variam de 6mm a 12mm de comprimento. Têm seis olhos em três pares e cada pé tem duas garras. As aranhas também são noturnas e, portanto, muito provavelmente são encontradas à noite, quando estão à procura de alimento. Durante o dia elas se escondem em lugares isolados.
Leia o artigo
O artigo completo está disponível gratuitamente no ScienceDirect por um mês, até 8 de junho de 2013:
“Geração e caracterização 1 de uma proteína quimérica recombinante (rCpLi) que consiste em epitopes de células B de uma proteína dermonecrótica de veneno de aranha Loxosceles intermedia”, por T. M. Mendes, D. Oliveira, L. Minozzo, R. Machado de Avila, C. Duarte, C. Dias-Lopes, G. Guimarães, L. Felicori, J. C. Minozzo, C. Chávez-Olortegui Vaccine, publicada pela Elsevier.
A revista
Publicada pela Elsevier,Vaccine é a revista preeminente para os interessados em vacinas e vacinação. É a revista oficial da Edward Jenner Society, da International Society for Vaccines e da Japanese Society for Vaccinology.
Reporting for Elsevier Connect
Elsevier Press Officer Sacha Boucherie trabalha em estreita colaboração com os editores, editores e autores da revista Elsevier num extremo e com jornalistas e repórteres científicos no outro extremo, com o objectivo de dar destaque e promover artigos de investigação interessantes e actuais. Sediada na sede da Elsevier em Amsterdão, é mestre em psicologia social pela Universidade de Groningen, na Holanda.